Capítulo 2 – Ambiguidades
Em uma cidadezinha bucólica em meio a
uma noite fria e nublada, o ônibus acelerado atravessa a rua calçada com pedras
de paralelepípedos e contorna a esquina. Em um dos lados da rua quarteirões
descampados e escuros cobertos por muito mato alto, e do outro uma minúscula
rodoviária
antiga e sem muros. Tendo apenas um pequeno espaço para os ônibus pararem,
quatro pequenas plataformas separadas por faixas amarelas pintadas ao chão.
Júlia ao ver a rodoviária levanta-se, pega a sua mala que estava no bagageiro e
a coloca no chão. Quando de repente o ônibus faz uma curva brusca para se
alinhar na plataforma de desembarque e Júlia sem estar se segurando se
desequilibra, e é empurrada para a janela. Ela se agarra como pode no
bagageiro, mas é arremessada para o colo de Pablo, que a segura firme. A moça
fica completamente sem graça, levanta-se rapidamente ajeitando a roupa e fica
sem saber o que dizer.
- Desculpa... Nossa! Eu não sei como...
Obrigado, tá. Diz a moça ao rapaz. Ela pega sua bolsa e sua mala e parte
corredor a fora, querendo sair o mais rápido possível dali. Pablo fica
envergonhado e permanece calado. Ao dar um paço desajeitado carregando suas
bagagens, a moça com seu sapado com meio salto vermelho torce o pé, mas rápido
se recompõe. É quando, ela cabisbaixa se vira novamente para o rapaz e diz:
- Ah! Desculpa tá. Eu estava nervosa
àquela hora, desculpa.
- Tudo bem, eu também estava sonolento
por causa de um remédio e... Tudo bem. Fala Pablo fazendo um gesto com a mão,
dizendo que a moça poderia ir. Ao ouvir “remédio”, Júlia teve certeza que
aquele homem tinha sérios problemas, ela sorri discretamente e foge dali,
arrastando novamente a sua mala pelo corredor apertado. Júlia desce do ônibus às
pressas sem saber para onde ir, quando ao longe avista um guichê da única
empresa que atua naquela minúscula rodoviária. Apressada ela parte rumo ao
lugar, arrastando sua mala e carregando sua imensa bolsa, ela vira-se para trás
curiosa e vê Pablo meio desajeitado descer do ônibus e falar com o motorista.
Ela aperta o passo fugindo do jovem, enquanto ele ajuda o motorista a pegar
umas malas de um passageiro que também acabou de desembarcar, um velho baixinho
e caipira.
- Ei rapaz! Eu quero uma passagem de
volta. Fala Júlia apressada batendo no vidro do guichê para um rapaz magrela e
de barbicha que está assistindo TV.
- Calma Dona! Num tem ônibus mais não
hoje. Fala o rapaz bravo diante do desespero da mulher.
- O que?
- São onze e pouco da noite, Dona! Fala
ele com seu sotaque bem arrastado.
- E amanhã, qual o primeiro?
- Ah só às sete da manhã.
- E na outra cidade? Tem algum?
- Hoje não.
- Droga! Droga! Inferno viu. - resmunga
a mulher - E você sabe onde tem um hotel aqui? Pergunta Júlia nervosa.
- Saber, eu sei, mas é longe daqui.
- Onde eu pego um táxi?
- Táxi!? Ah moça, tem não viu. Fala o
magrela rindo da mulher.
- O quê! Não é possível! Ônibus,
carroça, alguma coisa...
- Essa hora, só os pé da senhora mesmo!
Júlia pensa em xingar, mas se controla e engole o palavrão.
- Me dê uma passagem para outra cidade
então!
- Passagem? Tem não, só com o motorista.
- E aquele ônibus? E a mulher se vira
pra apontar o ônibus que acabou de deixá-la. Ela arregala os olhos e começa a
correr em direção ao ônibus, que já está fechando a porta e
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deixando
a plataforma. Júlia grita e sacode a mão como pode, arrastando a mala e
segurando a grande bolsa colorida, fazendo o caminho de volta ao ônibus, ainda
mais apressada do que na vinda. Pablo observa a jovem mulher com seu sapato
vermelho correr desesperada e desengonçada, ele tenta avisar o motorista, que
já com a porta fechada está deixando apressadamente a rodoviária. O ônibus vira
a esquina e vai embora enquanto Júlia desaba de raiva no meio do caminho,
largando a sua mala no chão e soltando um grito baixo. Pablo carregando sua
mochila preta e mais duas malas do senhor que acabara de desembarcar, vai até a
ofegante Júlia que está arcada com as mãos nos joelhos e de cabeça baixa.
- Tá ruim voltar, né? Eu também queria,
mas... – o rapaz ajeita os óculos e continua a falar um pouco desajeitado - Eu
estou indo de carona para um hotel, aquele senhor deixa o carro por aqui
enquanto faz compras na cidade e na volta passa em frente ao único hotel da
cidade. Júlia ergue a cabeça respirando ainda com certa dificuldade e solta um
sorriso sem graça, pois queria ficar longe daquele rapaz estranho, mas naquela
noite nada saia como ela planejava.
- Acho que isso é um convite, então? – a
mulher abaixa a cabeça de novo – Olha o que me restou. Onde eu fui me
enfiar?... Reclama Júlia, baixinho.
- Te resta também ali, pra você se
enfiar. Fala Pablo de forma irônica apontando para um par de cadeiras azuis e
de plástico em frente às plataformas de ônibus. Júlia o fita com um olhar
fulminante, tira as mãos dos joelhos e se ergue ajeitando a roupa.
- Vou aceitar a carona. Diz ela de forma
ríspida e incrédula diante do tom irônico do rapaz, afinal ele até então só
havia apresentado um comportamento calmo e passivo diante dela.
- Eita, o casar tá cansado, mas logo que
chegamos no hoter. Fala o senhor caipira, barrigudo e baixinho arrastando suas duas
malas. Júlia enche os pulmões pra rebater o que o velho disse. “Casal! Até
parece.” E logo desiste, deixando a reclamação somente em seus pensamentos. E
todos mudos deixam a rodoviária, arrastando um monte de malas rumo ao carro do
velho.
Eles atravessam uma rua mal iluminada e
aparentemente abandonada há tempos, até chegarem a um descampado onde o carro
está estacionado. Júlia ao ver o carro arregala os olhos não acreditando no que
vê, um Fiat 147 velho, sujo de barro e muito enferrujado, com o para-choques
traseiro amarrado com corda.
- Ahhh, viu... Meu carro é velhinho, mas
é bão. Anda que é uma beleza. Diz o velho caipira. Pablo também se espanta.
“Como caberiam as malas mais os três naquele carrinho?” Se pergunta ele em
pensamentos. Sem falar no estado de conservação nulo do carro. O velho
continua:
- Ah, tem uma coisa também, não tem
banco traseiro, viu. Eu tiro pra caber as malas, mas vocês dois cabem no banco
da frente, são um casal magrinho, magrinho. Ao ouvir aquilo, Júlia para
imediatamente e solta a sua bagagem no chão.
- Como? Eu só pergunto isso! Como
caberemos em um mesmo banco? Fala a mulher já quase chorando e pensando nas
cadeiras azuis, lá atrás. Sendo estas as únicas companheiras em uma noite fria
e por mais de sete horas, naquela velha e desprotegida rodoviária. Pablo
preocupado e de cabeça baixa retira seus óculos, passa a unha do dedão direito
na lente que está quebrada, lembrando-se que realmente precisa trocá-la. “É não
tem jeito! È aquilo ou aquilo.” Pensa ele. Júlia tenta se acalmar e pensa nas
aventuras e loucuras que já tinha feito na adolescência. Enfurnada no carro das
amigas com mais um monte de meninas, todas espremidas no banco de trás rindo e
bagunçando, indo para shows e baladas. “Calma Júlia! Vai ser uma história e tanto
pra contar e rir com as amigas.” Tenta ela se convencer em pensamentos para
topar a aventura. O velho abre o porta-malas do carro e começa a empilhar as
malas, e realmente para um Fiat 147, tudo aquilo ali e mais os passageiros é
muito.
- Quanto tempo mesmo é até o hotel?
Pergunta Pablo.
- Ah... De carro uns 20 minutos, de pé
uns 50, acho. Tem o morro, sobe desce, vira à esquerda e já tamo lá.
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- Morro? Pergunta o reflexivo Pablo
balançando a cabeça.
- Ah, num é grande não, num tem asfarto
é na terra mesmo, meio escuro e com mato, mas tem perigo não. As palavras do
velho parecem a gota d´água, Júlia irritada esbraveja consigo mesma:
- Por que eu não olhei direito o
despertador daquele maldito celular! Por quê? Por que eu não sentei ao lado de
uma pessoa normal? Assim não estaria aqui!
- Ahhh e o porquê eu não sentei do lado
de alguém que saiba usar um celular? Rebate Pablo irritado ao se virar e ficar
olhando direto para a mulher.
- Ah então a culpa é minha, né!
- Você só reclama moça! Nunca vi, viu!
Desabafa o rapaz dando as costas pra mulher.
- Júlia! Eu tenho nome viu, senhor
Pablo. Resmunga a mulher, agora mais contida por se dar conta que está brigando
desnecessariamente com um desconhecido, afinal sua reclamação foi apenas um
desabafo consigo mesma, falado em voz alta, devido ao estresse daquele dia
cansativo. Pablo para de caminhar e a princípio espanta-se pelo fato da moça
saber o seu nome, mas aí se lembra do episódio da passagem de ônibus e continua
a ir em direção ao carro levando as malas do velho barrigudo.
- Hihihi... O casar brigando até parece
eu e minha véia! Carma, logo chegamos no hoter. Fala o velho rindo e balançando
a cabeça. Júlia sente vontade de esganar o velho, por ele achar e dizer que ela
forma um casal Pablo. Um homem magro e estranho, com uma capacidade
inacreditável de irritá-la com cada gesto e palavra de fazia e dizia.
Pablo ajuda o velho a acomodar as malas
no Fiat 147, quando ao inclinar-se para ajeitar uma das malas o frasco branco
de remédio cai de seu bolso aos pés de Júlia, que se aproximava para guardar
sua bagagem. Sem pensar muito, num gesto intuitivo ela se abaixa para recolher,
quando ao ver o frasco, inesperadamente uma lembrança vem a sua mente. Ela está
deitada em uma cama e chora muito, ao seu lado, na cabeceira da cama, do lado
de um copo de água e de um frasco de remédio tarja preta para dormir, o mesmo
frasco branco. Idêntico a aquele, agora em suas mãos, um remédio conhecido e
bem forte usado no tratamento de crises para ansiedade. Ela entrega o frasco
para Pablo que percebe a reação estranha da mulher. Um jeito aflito e estranho,
como o de quem lembra uma coisa muito ruim, uma mistura de surpresa e pavor em
uma mesma feição de rosto.
- Obrigado. Eu vivo deixando tudo cair.
Fala Pablo um pouco envergonhado.
- Eu já percebi. Diz Júlia de forma
suave com um pequeno sorriso.
- Eu já to parando de tomar este
remédio, quase nem uso mais. Diz o rapaz sentindo a necessidade de se explicar,
diante do claro reconhecimento do remédio demonstrado involuntariamente pela
mulher. Pablo sabe que há um grande preconceito das pessoas em geral em relação
a tratamentos e tipos de remédios relacionados com problemas emocionais devido
à falta grande de informação das pessoas. Ele fica em dúvida se aquela reação
por parte de Júlia ao reconhecer o frasco de remédio, seria por preconceito,
ignorância ou se ela por algum motivo já tinha usado o mesmo tipo de medicação.
O rapaz então se lembra de sua resistência em aceitar a medicação quando o
médico a prescreveu. Uma relutância tola e insensata que foi bem combatida com
muitas explicações e paciência por parte de seu médico e de seu melhor amigo.
“Larga de ser um troglodita machão e imbecil! Você não é assim. Hellow! Século
vinte e um. E vai tomar o remédio sim! Ou eu vou dá chilique!” Pablo sorri ao
lembrar-se do amigo Felipe, que é intitulado por si mesmo de Phill.
- Pronto! Tudo guardado é só seguir
agora! Diz o velho ao bater a porta do porta-malas depois de guardar a mala de
Júlia. Ele dirige-se ao lado do motorista e entra no carro velho, Júlia e Pablo
ficam indecisos para saber quem vai primeiro, até que ele toma a iniciativa,
abre a porta e se espreme no banco do carona. Mais uma vez estariam ambos
sentados um do lado do outro, dividindo um aperto ainda maior. Ela do lado de
fora do Fiat 147 e ainda segurando a sua grande
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bolsa colorida, percebe que esta não teria
espaço naquele banco e pela porta do carona joga-a para trás do veículo junto
com o restante das outras malas. Delicadamente ela se senta ao lado de Pablo e
vai se aproximando lentamente até perceber que teria que quase sentar no colo
do rapaz para que a porta possa fechar.
- Você pode ir mais para o lado? Por
favor. Diz a mulher incomodada a Pablo.
- Não dá, senão vou atrapalhar o
motorista.
- Eita moça, seria meió a senhora ir no
colo do seu marido.
- Eu estou bem assim. Responde Júlia
agarrada com as duas mãos na porta do carro e sentada de forma completamente
desconfortável. O senhor coloca a chave na ignição, a gira, o carro faz um
barulho alto e seco, mas não pega. Ele tenta de novo, e nada, Júlia já começa a
ficar impaciente com aquela situação, o velho tenta mais uma vez e finalmente o
carro pega e sai fazendo barulho pela rua escura em meio aquela noite fria e
nublada.
O Fiat 147 acelera pela rua esburacada
chacoalhando e rangendo muito, Júlia sente que a qualquer momento o carro pode
se desintegrar e reluta em acreditar que aquilo está acontecendo realmente com
ela. Pablo diante daquela rua escura e do farol fraco do carro já começa a
passar mal, sentindo-se como que se estivesse lentamente abandonando aquela
realidade rumo a um buraco infinitamente escuro. É quando mais uma das
reclamações desnecessárias e um tanto mimadas de Júlia o trás de volta ao
aperto dentro do Fiat 147.
- Será que você realmente não consegue
ir mais para o lado! Fala a irritada mulher.
- Meu colo está disponível, e você já o conhece
muito bem! Diz o incomodado Pablo.
- Ah... Vai... E se enxerga rapaz!
- Você só sabe reclamar, nunca vi! Fala
o rapaz pausadamente. Júlia a princípio fica envergonhada com o puxão de
orelha, mas logo se irrita mais, achando-o abusado e inconveniente. “Ahhh, quem
esse cara estranho acha que é?” Pensa ela virando o rosto para Pablo e
observando o matagal escuro pela janela. O velho debruçado sobre o volante
dirige atentamente pelas ruas escuras rindo calado das rusgas do casal. De
repente o carro começa a ranger mais do que o de costume, e a andar mais
lentamente. O Fiat 147 começa a subir uma ladeira não muito íngreme, mas quase
intransponível para o velho e pesado veículo. Pablo não consegue parar de
pensar como aquela mulher ao seu lado, jovem bonita e independente pode se
desequilibrar tanto assim. Deixando de encarar os problemas de forma objetiva e
passando a ser tão visceral, só reclamando, reclamando, inutilmente por coisas
tão bobas. Aí, ele se dá conta que, embora seus problemas não fossem tão tolos,
ele ainda estava preso aos acontecimentos ruim da vida. Reclamando, reclamando,
não para o mundo, mas para si mesmo, remoendo, revivendo, sendo visceral, e
também de forma inútil. E percebe que a vida é como aquele carro, andando agora
por um caminho difícil, escuro e íngreme, carregando bagagens pesadas e a mercê
dos acontecimentos. Mas uma hora a estrada muda, a noite amanhece, a subida desce
e a estrada fica plana, fácil. O velho segue pisando fundo, levando o
acelerador do carro ao limite para que este consiga dar conta da subida. Júlia
cansada e nervosa perde-se em seus pensamentos refletindo sobre sua vida, em
suas escolhas, e desejando intensamente sua cama, seu quarto. A jovem mulher
tem uma vida agitada, não consegue parar de viver intensamente o agora, não
consegue parar de trabalhar freneticamente, de correr, de reclamar. Pedindo por
um caminho tênue e recusando-o logo em seguida, pra ficar ligada no automático,
vivendo sem viver e fugindo de si mesma. A subida termina e o Fiat 147 começa a
descer, ganhando mais e mais velocidade num caminho longo e sinuoso. O coração
de Júlia vai à boca, quando ela tem a sensação de estar em uma descida de uma
monta russa escura. Pablo atento e acompanhando com as curvas como se estivesse
dirigindo fica apreensivo. O carro começa a chacoalhar mais e mais, o braço
curto do velho motorista briga como pode com o volante grande e marrom.
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- Eita. Tamo pesado, mais tamo velois!
Diz o velho rindo bem alto, que segue pisando aos poucos no freio para tentar
evitar que o carro ganhe muita velocidade e pra conseguir fazer as curvas. O
velho então percebe que o acelerador está agarrado do assoalho do carro. Cada
vez mais o senhor pisa mais fundo no freio pra conseguir controlar o carro.
Pablo e Júlia vão ficando com mais medo, tanto pela descida quanto pela risada
do velho. O velho aperta e aperta o freio e nada, e o carro vai ficando cada
vez mais rápido. Com dificuldade e muita força no braço o velho consegue
dominar o volante e contornar a curva não tão fechada à frente. Ao fazerem a
curva, Pablo é empurrado para cima de Júlia que imediatamente começa a
resmungar.
- Eita! O carro tá indo ladeira abaixo!
O acelerado tá preso e tamo quase sem freio! Grita o velho. Júlia arregala os
olhos e se agarra a Pablo. Ele sem saber o que fazer apenas olha fixamente para
o caminho à frente, rezando para que a ladeira acabe.
- A curva à frente é muito fechada e o
barranco é pequeno. Num tem jeito! Vamo ter que pular! E o velho já leva a mão
no trinco da porta.
- O que!!! Grita Júlia de olhos bem
fechados. Pablo olha em volta desesperado. O velho empurra a porta com força e
salta do carro. Ele sai rolando sobre o mato alto. O rapaz olha tudo aquilo,
não acreditando. Ele abre a porta rapidamente e com toda a sua força a empurra,
no mesmo instante abraça Júlia fortemente e juntos se jogam do veículo. O mato
alto a beira da estrada ameniza a queda e eles abraçados saem rolando pelo chão.
O Fiat 147 segue reto por mais umas dezenas de metros e ao chegar à curva
fechada, passa direto seguindo barranco abaixo. Não há árvores muito grandes à
frente e o carro segue pipocando se embrenhando cada vez mais no matagal
escuro.
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