Hoje eu acordei, o ar estava diferente
Abri a porta do meu quarto
Vi uma cratera diante dos meus pés
O vento soprava no vazio
A lua gigantesca e tão próxima de mim
imperava majestosamente no céu
O sol distante brilhava em vermelho
Tudo o que reconheci foi um sorriso distante
Que me contemplou ao fechar dos meus olhos
Meu coração apertado parou!
Caminhei, vagando solitário no infinito silêncio
O sol fraco e a lua impiedosa brigavam no céu
Os dias se acabaram, as noites morreram
No meu caminho encontrei uma única flor
Lutando em meio a destruição para encontrar a luz
A minha boca secou e ajoelhei no chão cinza
A respiração ofegante, o ambiente sufocante...
Uma gota d’água tocou o meu rosto
Meus olhos mesmos fechados mostraram aquele mesmo sorriso
A chuva tímida insistiu em matar a minha sede
Tudo tão igual, que o tempo parou
Meus porquês me devoravam por dentro
Tantos, porque tantos? Por que os alimentei tanto?
Um estrondo estremeceu o meu corpo, inquietando o meu coração
Meus olhos abriram lentamente
O céu encoberto de poeira, logo revelou ao longe
A lua estava ao chão!
A luz ofuscante invadiu ferozmente a solidão
O sol me estendeu a mão
A lua veio até mim e afagou o meu peito
As flores ressurgiram das cinzas saudando o meu caminho
A lua azul reviveu as noites
O sol estonteante, mais uma vez o dia trouxe
Tudo ao seu lugar, exceto eu...
Que ao abrir a porta mais uma vez, encontrei aquele sorriso
Sorri! Porque desta vez, meus olhos estavam abertos.
