terça-feira, 29 de abril de 2014

Livro - Silenciosamente, Amor! Cap.I

Silenciosamente, Amor!



"Escrevendo um livro, chamado "Silenciosamente, Amor!" que será postado conforme escrevo. É um romance com muito drama ambientado na nossa realidade crua e violenta, onde duas pessoas muito traumatizadas, Pablo e Júlia, se encontram ao acaso e à partir dali nunca mais serão os mesmos".   





CAPÍTULO I - OCASIONALIDADES


Em uma rodoviária repleta de pessoas carregando malas e mochilas para todos os lados, crianças chorando, idosos perdidos, funcionários das empresas já estressados com o frenético movimento de pessoas, ônibus partindo e chegando a todo instante, uma tarde de caos. Ela, com os cabelos encaracolados e castanhos levemente tingidos de loiros, corre arrastando uma mala com rodinhas com o braço direito e carregando no ombro esquerdo, tentando não deixar cair uma enorme e pesado bolsa colorida.
 - Com licença! Por favor, licença! Calma senhora! Ela aflita e com pressa corre para não perder o ônibus. Seus cabelos bagunçados coem sobre o seu rosto e entram em sua boca diante da respiração ofegante da jovem mulher. Em seu rosto traços fortes e cansados que somem diante do caos daquele terminal rodoviário lotado. Ela não muito alta e com um sapato vermelho de salto médio tenta em vão avistar a plataforma 36 para ver se seu ônibus ainda está por lá. Já nervosa com aquela situação, já cansada da correria, pois havia aqueles minutos, feito mais exercício físico do que o mês inteiro que passou. “Preciso emagrecer urgente! Um metro e sessenta e três centímetros, sessenta e oito quilos, Trinta e dois anos. Meu Deus!” Pensou ela enquanto limpava o suor da testa.
- Ei... Espere! Ainda não! Grita a mulher acenando para o ônibus da plataforma 36, que já estava fechando a porta. O motorista ao ver a mulher pisa no freio e torna a abrir a porta, ela acelera o passo e fica ainda mais ofegante. O motorista acena com a mão apressando a mulher, que fecha a cara prestes a xingar o homem, mas mal conseguia respirar, quanto mais xingar. Aos trancos e barrancos a mulher chega à porta do veículo, enfia a mão com força no bolso da calça e retira a sua passagem de embarque. Respira fundo, ajeita o cabelo e sobe de vagar os degraus do ônibus, entregando a passagem ao motorista sem olhá-lo. Ele retira a sua via e devolve o canhoto pra mulher, que adentra pelo corredor apertado do veículo arrastando a sua mala. Todas as poltronas estavam cheias de passageiros, afinal era véspera de feriado, alguns encaram a mulher por ter feito o motorista esperar, outros dormem e roncam como se estivessem em suas casas. Ela olha a passagem, buscando visualizar o número da poltrona, o motorista já atrasado acelera fazendo curvas bruscas, tudo começa a chacoalhar. Ela, naquele corredor apertado e escuro, respira fundo se segurando como pode, até que visualiza o número 44, ou seja, última fileira de assentos e ao lado do banheiro.
- Oi, com licença. Diz ela a um rapaz que está sentado ao lado da janela, assim que chega a última fileira de poltronas. O rapaz ameaça cumprimentar a moça, mas olhando pra frente, para o vazio, exprime apenas um gesto tímido e quase imperceptível com a cabeça. Ela olha para o número da poltrona, marcado no bagageiro acima, desejando que aquela não seja a poltrona número 44. Pois, não lhe parecia prudente sentar do lado daquele homem estranho, magro, com a aparência doente, usando uns óculos com uma das lentes quebradas no canto e com a roupa toda amassada. Os números das poltronas estão meio apagados, mas ela consegue visualizá-los, <3/44, diante daquele ônibus lotado era a única poltrona disponível, ou seja, ela teria q sentar ali, afinal eram quase três horas de viagem. O rapaz se move na poltrona, mostrando-se completamente desconfortável, quando ela se senta ao seu lado. A jovem mulher percebe a atitude estranha do homem e resolve manter certa distancia cruzando os braços, mas a poltrona pequena não ajudaria muito. “É... Afinal serão muitos minutos aqui, só me resta dormir, antes que esse doido diga algo, mas duvido que faça isso, parece que está morrendo de medo de mim.” Pensa a mulher, que em seguida retira seu smatphone da grande bolsa colorida, vai até a função
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alarme as pressas e sem verificar muita coisa, coloca pra despertar dali a duas horas e vinte minutos. Tempo excelente para um cochilo e enfim descansar daquela viagem de trabalho maluca e desgastante, pois, mal tinha conseguido dormir na noite anterior.

- Oi linda, meu nome é Alex! E o seu? Pergunta um homem alto, forte e moreno de olhos verdes ao chegar ao lado, e bem pertinho do ouvido de uma moça de cabelo claros e encaracolados. Ela está em pé no balcão de um bar conversando feliz com a amiga e vira-se rapidamente meio sem jeito, para ver quem está falando, quando se depara com um belo e sensual sorriso.
- Meu nome é Júlia! Diz ela sorrindo também.
- Oi, e o meu é Meg. Responde a amiga ao lado.
- E o que duas moças tão belas fazem sozinhas em um bar? Esperando o namorado?
- Não! Só tomando uma cerveja pra se distrair um pouco. Responde Júlia ajeitando o cabelo.
- Uma loira e uma morena, tão bonitas assim, dando sopa em um bar... Cuidado tem muito garanhão a solta por aí!
- É... Já percebi. Diz Meg, e todos riem...
Júlia e Alex caminham pelo gramado do parque, rodeados por lindas flores, ela não consegue tirar os olhos daquele sorriso lindo, daqueles olhos castanhos claros, meio esverdeados diante daquele gostoso sol de uma tarde de primavera. Ele olha pra frente, imponente, com seu peito largo e esguio, até que se dá conta que está do lado da moça e rapidamente desvia o olhar e a abraça. Depois acaricia com suas grandes mãos o rosto da moça, beijando-a suavemente.
- Te amo! Minha linda! Diz Alex a namorada, que se enche de felicidade. Ela lembra-se do tempo que tinha demorado para aquele homem maravilhoso cair em seu destino. Júlia quase aos 30, já estava desistindo de encontrar a pessoa certa, quando de repente, em um simples barzinho, aquele lindo homem sussurrou em seu ouvido.
- To com fome meu amor! Hoje você paga, tá! De novo né! E Alex sorri para a moça, abraçando-a bem forte...

O ônibus antigo permanece parado na plataforma, muitas pessoas descem e motorista aflito tenta dar conta daquela bagunça na frente da porta do veículo, bagagens sendo retiradas, pessoas pedindo informação. E lá no fundo do ônibus, na ultima fileira de poltronas, um homem magro de óculos e de lindos olhos azuis, está aflito sentado na poltrona ao lado da janela. Ele leva a mão aos olhos, esfregando-os e bagunçando os seus óculos, o homem jovem está suando e desconfortável produz um grunhido baixo ao limpar a garganta. “Ah-ahhhh.” Insiste ele, mas a mulher de cabelos aloirados ao seu lado continua dormindo profundamente, como se estivesse sonhando com o paraíso. O homem fecha os olhos, agarra-se a poltrona suando frio, e respirando pesadamente, era como se ele estivesse preso em um cubículo escuro, cercado por paredes grossas de concreto. Mas não, estava ele ao lado de uma jovem mulher, em uma poltrona apertada, nos fundos escuros de um ônibus, sobre uma noite nublada. O rapaz olha para os lados, sem ver como sair dali. “Não há como sair! Pular pela poltrona da frente! Talvez, mas não... é apertado de mais. Pedir licença, acordar a mulher ao seu lado! Impossível ela está imóvel. Pular por cima dela! Não sei... Não consigo!!!” Os pensamentos frenéticos e desconexos, dominavam a cabeça do rapaz, que permanece imóvel. Ele enfia a mão no bolso da calça rapidamente e pega um frasco redondo de comprimidos, abre-o as pressas e com dificuldade tenta tirar um comprimido. O nervosismo o domina e ele acaba virando o frasco diretamente na boca engolindo à seco seu medicamento. Alguns comprimidos caem em seu colo, mas são ignorados pelo rapaz que fecha o frasco rapidamente e devolve-o ao bolso da calça. Ele permanecendo imóvel e de olhos fechados tenta acalmar-se respirando profundamente, pensando em coisas suaves e
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tranquilizantes, mas a aflição permanece. Aos poucos ele vai se acalmando e depois de alguns minutos imóvel sua respiração segue normal e tranquila.      
Um homem magro, de óculos e olhos azuis caminha por um corredor pequeno, ele carrega consigo uma pasta marrom e grossa em uma das mãos e várias sacolinhas plásticas de mercado na outra mão. Ele para em frente ao apartamento 43 e desajeitado retira as chaves do bolso. Segurando tudo aquilo, ele tenta em vão abrir a porta do apartamento, fazendo muito barulho com o farfalhar das sacolinhas, quando de repente, em um único estalar a porta se abre por dentro.
- Oi amor! Obrigado. Estou carregado aqui. Diz o homem a linda e loira mulher de olhos azuis que abre a porta. Ela sorri sem graça para o rapaz e ele percebe que os olhos dela estão vermelhos e mareados.
- O que foi amor? Tava chorando? O homem entra preocupado no minúsculo apartamento, coloca as sacolas e a pasta sobre a mesa da cozinha que está próxima, coloca as chaves sobre a mesinha da sala de estar e dá um beijo rápido em sua mulher. “O que aconteceu?” Pergunta ele.
- Pablo. Hoje levei os exames ao médico.
- Ué. Mas já tinha feito?
- Fiz na semana passada, não disse pra não te deixar ansioso, preocupado.
- Bobeira, se tivesse dito eu iria com você meu bem. Ele com seus polegares enxuga as  lágrimas da mulher e a abraça.
- Assim, como é normal em minha família, eu também to com ele. O homem fica surpreso e abraça ainda mais forte a esposa.
- Não fala isso! Não pode ser! Você se cuida, e está tão bem! Joanna meu amor, não diz isso! Os olhos do homem enchem de lágrimas e seu rosto é tomado por um semblante triste e carregado. Pablo acaricia as costas da combalida mulher que chora em seu ombro, os óculos do jovem homem enrosca nos cabelos loiros de Joanna e diante do movimento brusco caem no chão...
          
- Parabéns Juh!
- Oi Meg! Obrigado. Entra tá todo mundo aí! As amigas se abraçam e Meg entra na casa da radiante Júlia. A sala está cheia de gente, uma música alta e animada ecoa pela grande casa, bebidas, petiscos, pizzas adornam aquela comemoração feliz. 
- Nossa! Tão pouco tempo, que legal amiga! Noivarem assim, do nada, parabéns!
- Ah, não foi tão do nada assim, estamos falando disso faz tempo, você sabe, é minha melhor amiga. Fala Júlia.
- Não Juh, eu sei, É só modo de dizer. Você merece amiga! E Meg impaciente abraça Júlia.
- E também, não é bem um noivado, nem marcamos data ainda, é só mais uma festa para os amigos e chegados pra avisar que pretendemos logo nos casar. Fala Júlia muito feliz.
- E o Alex. Cadê? Pergunta Meg a amiga.
- Ah, não sei. Essa casa é tão grande, muitos quartos, tá por aí com a galera, ele já tá bem alegre. Você sabe, se tem bebida ele enche a cara! Diz Juh à amiga. E a festa continua rolando com música alta, muito rapazes fazem competição pra ver quem bebe cerveja mais rápido. No canto escuro do corredor, um casal de jovens está aos beijos e amaços quentes no embalo da música alta e dançante. Alguns minutos se passam, Júlia se diverte muito com os amigos, quando um deles aparece pulando, gritando e segurando uma garrafa de cidra de maça em uma das mãos e duas taças de plástico na outra. “Se é um noivado tem que ter brinde com Champagne e braços entrelaçados!” Todos riem com a brincadeira, amontoados e segurando nos ombros de Júlia todos vão a procura do noivo. Muitos continuam curtindo a festa sem se dar conta do ocorrido, outros já bêbados tentam acompanhar a bagunça pelos corredores da casa, mas não conseguem.
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Todos procuram Alex na cozinha, nos banheiros, na varanda, nos quartos mais próximos até só restar a último quarto, o de Júlia e do futuro noivo. Ela vai à frente, seguida dos amigos e da bagunça, o som alto e dançante domina o corredor apertado, feliz e influenciada pela bagunça dos amigos ela abre a porta do seu quarto bruscamente e invade o cômodo. Júlia fica imóvel, em choque, todos os amigos atrás dela mudam de uma felicidade contagiante e barulhenta, para um silencio mórbido e espantoso. Debruçada sobre a cama com a saia erguida na cintura, sem calçinha e com seus cabelos negros e esvoaçantes, está Meg. Alex embriagado, com as calças na altura do joelho e de camiseta, à segura por trás firmemente e tem uma das mãos embrenhadas em seus cabelos, em uma clássica cena de sexo selvagem. Meg rapidamente se joga em baixo dos lençóis cobrindo o seu corpo, Alex meio sem saber o que está acontecendo se vira em direção à porta com o pênis ereto e sem camisinha. Ao ver todos ele empalidece. Júlia fica enojada, não acreditando no que está diante de seus olhos, os amigos boquiabertos, permanecem calados. Mil coisas vêm à mente da jovem, as primeiras carícias, o primeiro beijo com Alex, o dia em que se conheceram. E uma lembrança cruel, a amiga Meg ao seu lado naquele bar, sorridente e também enfeitiçada pelo sorriso largo e fácil de Alex. Júlia se vira, vai em direção aos amigos empurrando-os, quer por que quer sair daquele quarto, está sufocada, atordoada, o choro comprime a sua garganta, e as lágrimas escorrem pelo seu lindo rosto. Ao passar pela sala correndo, ela tropeça nos fios do aparelho de som, que arrebentam produzindo um estampido ensurdecedor que chama a atenção da festa toda. Alex desajeitado ergue as calças e sai correndo do quarto, passa pela fileira de pessoas pasmas, enquanto que Júlia já está no portão em prantos, ela o escancara com força e corre para a rua. Alex corre atrás dela gritando por seu nome, quando vê ainda do quintal, dois faróis ofuscantes contornarem a esquina. Júlia atônita, de cabeça baixa não consegue perceber o risco que está correndo e continua a correr. Quando ela percebe a luz amarela e forte, vira a cabeça para o lado, e seu coração palpita freneticamente.  Em um tempo infinitamente grande e pequeno ao mesmo tempo um turbilhão de sonhos e lembranças vem a sua mente, entre estes está a imagem de um lindo bebê de olhos verdes e cabelos escuros. O carro à acerta e a jovem cai desacordada diante dele...

As luzes dos faróis dos carros na estrada entram pela janela do ônibus e incomoda a moça de cabelos encaracolados que dorme na poltrona ao lado do banheiro, seu sangue parece congelar em seu corpo e ela acorda de súbito e aflita.  O velho ar condicionado diante da noite fria parecia funcionar perfeitamente, ela olha para o lado e lá está o rapaz estranho ainda imóvel na poltrona. A jovem mulher retira do bolso da fina blusa seu smartphone e olha as horas, tomando um susto ao ver o horário.
- Caramba! Não pode ser! Ela retira o cinto de segurança e caminha pelo corredor do veículo em direção ao motorista.
- Senhor. Ainda não chegamos à cidade? Pergunta ela, estranhando o jovem magrela que conduz o ônibus.  
- Senhora faz tempo que já passamos da cidade, umas duas horas.
- O quê! Não pode ser! Eu nem fui avisada.
- Senhora eu troquei com o motorista lá, avisei várias vezes o destino. A senhora é quem tinha que saber onde ia descer. Fala o motorista de forma desdém. Júlia fica irritada, não acreditando no que estava acontecendo. Ela estava cansada e ansiosa pra chegar em casa, tomar um banho quente e relaxante, dormir enfim uma noite inteira. E agora tinha passado de seu destino estando nem se sabe aonde ainda cansada em com sono, embora tenha dormido por quatro horas direto.
- Motorista falta muito pra chegar á próxima cidade? Pergunta Júlia respirando fundo pra se acalmar.   
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- Uns vinte e poucos minutos. A mulher vira as costas e sai furiosa pelo corredor do ônibus, se segundo como pode para não cair com os solavancos. Ao chegar a sua poltrona se joga sobre esta despertando o rapaz ao seu lado, que abre os olhos calmamente e se ajeita vagarosamente na poltrona.
- Droga! Não acredito que passei mais de duas horas do meu destino. Inferno! Resmunga Júlia. O rapaz ao seu lado olha no relógio com dificuldades devido à escuridão. Ela ao perceber que ele está acordado resolve acender a luz sobre o acento e começa a revirar a sua grande e colorida bolsa, que agora está em seu colo. O rapaz magro, que veste uma jaqueta de couro marrom escuro, percebe o estado de irritação da mulher ao revirar a bolsa. Ele está meio sonolento e tem a boca seca e amarga, e ao ver a bagunça dentro da bolsa daquela mulher ao seu lado, lembra que no bolso direito de sua jaqueta tem uma caixinha de chicles. Ele tomando cuidado para não acertar o braço na mulher, se espreme na poltrona até conseguir retirar a caixinha e sem perceber derruba um papel que estava em seu bolso. Ele abre a caixinha e lá está apenas o último chicle, coloca-o na boca e por instantes sente o gosto doce e azedo de morango, sentindo-se aliviado em acabar com aquele gosto horrível em sua boca. Júlia nota que o homem derrubou algo do bolso sem perceber, o papel azul cai ao chão e a jovem abaixa para pegá-lo. É o recibo da passagem rodoviária. Ela ao pegá-lo, involuntariamente, apenas porque tinha algumas palavras escritas, acaba lendo o nome do passageiro, a origem e o destino, iluminados por aquela luz fraca acima. O nome estava escrito com garranchos e o sobrenome estava rasurado. “Pablo” foi a única coisa que Júlia consegui ler do nome do rapaz. Já o campo destino daquela passagem deixou a moça intrigada, era o mesmo que o seu e estava duas horas e tanto pra trás.
- Desculpe, mas caiu do seu bolso. Diz a mulher entregando a passagem a Pablo. O rapaz surpreso agradece fazendo um gesto coma cabeça e pega a passagem.  
- Obrigado! Diz depois ele, tímido e com uma voz baixinha.
- Desculpe de novo, mas eu vi o destino do senhor, ficou lá atrás, era o mesmo que o meu.
- Ah, sim. Você tava dormindo e eu não conseguir descer...
- Oi? Não entendi. Júlia fica surpresa com o que ouviu e fica apreensiva. Pablo tenta desconversar e sabe que não deveria ter dito aquela frase, mesmo sendo a verdade.
- Eu... Depois meio que cochilei também. 
- Se você tava acordado porque não me chamou? Assim teríamos decido os dois. Diz a mulher irritada.
- Eu chamei você estava dormindo pesado, parecia meio...
- Drogada! Por que se você me chamou e eu não acordei!
- Não. É... Parecia meio cansada. E eu também não chamei tão alto assim.
- Que tipo de retardado perde o destino porque tem alguém dormindo ao seu lado? - fala Júlia baixinho, quase que num pensamento alto, depois nervosa ela sobe o tom. - Fala sério rapaz! Podia ter me cutucado, passado por cima, chamado alguém, sei lá!
- É... Desculpa, podia, mas... Fala Pablo sem graça, que em seguida boceja de sono. Júlia vê aquele homem estranho ali, e pensa estar do lado de alguém com problemas mentais. Ela percebe que está se exaltando, respira fundo tentando se acalmar, não diz mais nada e apaga a luz acima. Mas, em pensamentos xinga e esbraveja enquanto fecha com rispidez do zíper da bolsa, não acreditando no dia de azar que está tendo. Júlia segue emburrada sentada ao lado de Pablo que mais uma vez boceja e acha melhor também encerrar a conversa, diante da brava moça de cabelos encaracolados.



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quinta-feira, 24 de abril de 2014


"Faça como a água de um rio, mova montanhas, transpasse obstáculos  com a força de sua insistência e ao mesmo tempo seja suave, doce, refrescante e irrigue com vida tudo o que está ao seu redor."
         Fernando Almeiza